Hospital Cruz Vermelha Portuguesa

Jacinto Mathe foi operado no Hospital da Cruz Vermelha quinta-feira, dia 18 de janeiro. A cirurgia levada a cabo pelo Dr. Nuno Craveiro Lopes e a sua equipa permitiu corrigir uma deformidade agravada nos pés.

O ano de 2018 não poderia ter começado da melhor maneira para este jovem moçambicano de 25 anos. Jacinto Mathe, veterinário no Parque Nacional da Gorongosa, sofre de uma doença agravada nos pés desde o seu nascimento designada por pés botos. Uma imagem de Jacinto a correr numa prova de 12 quilómetros chamou a atenção do Dr. Nuno Craveiro Lopes que se voluntariou para o operar. A cirurgia aconteceu esta quinta-feira e a equipa do Hospital da Cruz Vermelha mostra-se satisfeita com o resultado final.

“A intervenção correu muito bem. Fizemos aquilo que pretendíamos fazer. Foi um sucesso”, contou o Dr. Nuno Craveiro Lopes. Com o apoio do Dr. Manuel Leão e da restante equipa, o médico-cirurgião ortopedista no Hospital da Cruz Vermelha recorreu ao Método Ilizarov para corrigir a deformidade em um dos pés de Jacinto. O método consiste na colocação de uma armação metálica externa que, após a realização de cortes controlados nos ossos deformados durante a cirurgia, vai corrigindo progressivamente a posição do pé. Esta intervenção é minimamente invasiva e apresenta-se como uma alternativa com várias vantagens face a cirurgia tradicional. “É o método mais eficaz na correção desta patologia. O pé terá um comprimento normal e a taxa de infeção e complicações pós-operatórias são mais reduzidas”, explica o médico ortopedista.

“Dentro de sete meses o Jacinto já deve ser capaz de calçar-se e fazer uma marcha normal com este pé”, aclara o Dr. Nuno Craveiro Lopes. Até lá, o jovem moçambicano terá de manter o aparelho imobilizado durante sete dias “para haver um princípio de cicatrização de todas as estruturas” do pé. Durante dois meses será o próprio Jacinto a realizar a correção do seu pé, com o apoio permanente do Hospital da Cruz Vermelha. Essa correção consiste em manipular algumas zonas do aparelho chamadas de “motores”. Nestas zonas existem porcas em bastões roscados que permite movimentar a posição inicial do aparelho. “É feito um ajuste de cerca de um milímetro por dia”, aclara o profissional de saúde. Um ritmo lento, mas “necessário para fazer a correta distensão dos ossos”. “O aparelho vai fazer crescer não só o osso, como também de músculos, tendões, nervos, vasos sanguíneos, pele e todos os restantes elementos do pé”. Segue-se um novo período de imobilização do aparelho para permitir a “consolidação completa dos cortes que foram feitos nos ossos”. Os restantes cinco meses serão dedicados à “fisioterapia e recuperação funcional”.

Durante este período, Jacinto dará início, em Coimbra, a um estágio para preparar o seu mestrado em Veterinária, motivo para o qual o jovem moçambicano, em decisão conjunta com médico, escolheu operar apenas um dos pés. A próxima cirurgia deverá ocorrer “previsivelmente daqui há um ano”.

“Sinto-me muito satisfeito por ter passado por esta operação e por ver o pé já modificado para melhor”, contou Jacinto Mathe no dia seguinte à cirurgia. A família e amigos foram os primeiros a saber que “estava bem e entregue em boas mãos”. Após a cirurgia, o jovem moçambicano espera agora a sua “integração na sociedade”. “Vou ficar mais feliz e mais cómodo para interagir à vontade com qualquer pessoa”, afirmou. “O Dr. Nuno Craveiro Lopes é um médico excecional. Dou-lhe a ele e ao Hospital da Cruz Vermelha a minha maior gratidão”, rematou.

Veja a reportagem do programa "Repórter África", transmitido na RTP África, dedicada à intervenção cirurgica de Jacinto Mathe clicando aqui