Hospital Cruz Vermelha Portuguesa

Cheiros desagradáveis, manchas na roupa e um calor que parece não ter fim — é isto que a transpiração provoca. Ninguém gosta de se sentir suado, mas é inevitável. Ou quase. Há formas de controlar esta função vital que facilmente se torna um drama, sobretudo em eventos, festas ou até no escritório.

“O suor é uma resposta natural do corpo”, clarifica, desde logo, a endocrinologista Vaneska Reuters, do Hospital Cruz Vermelha, à NiT.  É um mecanismo de termorregulação do corpo, que tem como finalidade manter a sua temperatura sempre próxima dos 37 graus.

“Quando o corpo deteta mudanças no termóstato ou no temperamento, desperta as glândulas sudoríparas. Para regular a temperatura do corpo, estas glândulas libertam água e sal como um mecanismo natural de arrefecimento”, explica a especialista em endocrinologista. Não são as glândulas ou a água e sal que são responsáveis pelos odores ligados ao suor. Na verdade, são as bactérias naturais da pele que aquecem o suor, produzido pelas glândulas.

Nos seres humanos, a perda de calor por evaporação a partir das glândulas sudoríparas é crítica para a termorregulação durante o exercício ou exposição a condições ambientais, particularmente quando a temperatura ambiente é maior do que a temperatura da pele. A transpiração também pode ser desencadeada pelo stress.

Os sinais de transpiração podem ser desagradáveis. A hidratação e a humidade aparece sobretudo nas axilas, nas mãos ou no rosto. Especialmente nas axilas, o suor pode causar manchas molhadas na roupa e as suas bactérias podem causar um odor desagradável.

“Quando se trata de transpiração excessiva chama-se hiperidrose”, esclarece Vaneska Reuters. Este fenómeno ocorre devido a um estímulo exagerado das glândulas sudoríparas, responsáveis pela produção de suor, que não é controlado pela nossa vontade, mas pelo sistema nervoso autónomo.

Quais os tratamentos disponíveis?

Qualquer que seja a origem, os suores causam algum embaraço e ansiedade a quem tem este problema, uma vez que se sentem desconfortáveis por transpirarem excessivamente e por não poderem controlar a situação. A boa notícia é que existem tratamentos que permitem reduzir ou mesmo eliminar este desconforto.

Entre as técnicas para evitar o suor excessivo, estão o uso de anti- transpirantes, toxina botulínica, ou botox (que tem efeito temporário) e cirurgia.

Os antitranspirantes são a primeira opção dos dermatologistas. “É um método simples para controlar a transpiração, sendo apenas necessário aplicar diretamente nas zonas mais críticas.”, adianta a médica. São, normalmente, à base de sais de alumínio e podem ser vendidos em roll-on; spray; pomada; loção; toalhitas ou gel.
Quando estes não funcionam, o próximo passo é a prescrição de medicação. Esta tem tido resultados positivos com determinados medicamentos sujeitos a receita médica, contudo, atualmente, ainda não estão aprovados em Portugal medicamentos para tratar especificamente esta condição.

Por vezes, os métodos anteriores não são suficientes. Nesses casos, os doentes recorrem a métodos como iontoforese (uso de corrente elétrica para “desligar” temporariamente as glândulas sudoríparas); injeção de toxina botulínica tipo A (bloqueia temporariamente a sudorese); ou mesmo cirurgia (interrupção da transmissão dos sinais nervosos que estimulam a sudorese em excesso). O problema desta última, segundo Vaneska Reuters, é que o excesso de suor pode depois acontecer noutras partes do corpo, porque “bloqueando a saída por um lado, encontra outro caminho”.

Além destes tratamentos que carecem de acompanhamento médico, há algumas dicas que pode seguir para transpirar menos, como:

• Algumas comidas e bebidas possuem propriedades termogénicas, isto é, provocam um aumento da temperatura do corpo. Outras, por serem muito pesadas, acabam forçando o sistema digestivo a trabalhar muitas horas, processo que contribui para o aumento da temperatura corporal.
• Dê preferência para alimentos leves e que não sobrecarregam o organismo como vegetais e frutas.
• Privilegiar produtos com magnésio - O excesso de suor pode afetar a quantidade de magnésio no corpo. Aumentar o consumo deste nutriente pode ajudar no controlo da ansiedade, do stress e do suor.  Alguns exemplos são o abacate, as sementes e as bananas.
• Depile as zonas mais críticas - Os pelos ajudam a reter humidade. Por isso, manter as axilas livre de pêlos pode ajudar a reduzir o suor excessivo nas axilas. Se optar por manter, lembre-se de redobrar a higiene para manter a região limpa, seca e sem odores.
• Seque bem a pele depois do banho - Certifique-se de estar totalmente seco antes de se trocar. Isso é válido especialmente para quem costuma tomar banhos quentes.
• Mantenha-se hidratado - Muitos podem ter a crença de que se tomarem muita água, vão suar mais. No entanto, é exatamente o oposto. Manter-se hidratado, além de saudável, ajuda a manter a temperatura do seu corpo equilibrada e, consequentemente, evita o suor excessivo.
• Prefira tecidos leves e frescos - Quando possível, prefira usar roupas mais leves e de cores claras, pois os tecidos escuros tendem a aquecer, colaborando para o suor excessivo nas axilas. Também é recomendado optar por tecidos mais arejados, como o algodão e linho, e evitar peças sintéticas, de seda, impermeáveis e de plástico.

Texto da jornalista Catarina Simões, publicado a 10/07/2022, na NIT.